Um papo médico, um desabafo e uma alegria

Na semana passada, passeando pelo calçadão de Campos, encontrei meu médico cardiologista começando sua caminhada. Por um momento pensei em seguir seus passos e lhe fazer companhia na sua andança diária. Porém, tem sempre um porém, nem sempre a gente sabe se as pessoas gostam de caminhar conversando, proseando com alguém ou preferem o silêncio durante as passadas. 

Parei a sua frente e o cumprimentei e, para minha surpresa, recebi dele o convite: “Aperte o passo, vamos andar comigo, preciso conversar contigo. Citei você em uma consulta com um paciente e me parece que está dando resultado, quero lhe explicar e pedir permissão para continuar a conversa com ele, não vou lhe dizer o nome mas é seu amigo também”, me disse o doutor. 

Como eu estava bem paramentado para uma caminhada, bermuda leve, camisa do Boca Júniors, tênis especial e uma meia curta, resolvi seguir o doutor para ouvir a novidade sobre a sua nova terapia, que teve este que vos fala como exemplo, aliás fiquei todo bobo ao saber do caso.

Seu amigo está depressivo, triste, não está querendo nada e com medo de morrer, diz o médico. Falei com ele para te procurar e fazer umas viagens contigo, você é um paciente que me deu grandes alegrias, chegou no meu consultório bem pra baixo e hoje está recuperado graças as suas atividades físicas e sociais, coisa que ele está se desligando completamente.

E andamos conversando sobre o Flamengo, sobre nossas viagens, sobre família e remédios que ainda tomo ou deixei de tomar, mas isto durou pouco, meia hora apenas, tempo suficiente para eu me motivar e ligar para o nosso amigo em comum, ele me disse o nome no final da caminhada,  e mostrar para ele que existe vida após infarto e de uma depressão.

Dois dias depois, por volta das quatro da tarde, fui até a casa do amigo, dei a desculpa de que queria ver o DVD do Agnaldo Rayol, que ele comprou na semana passada, e puxei assunto sobre as suas consultas, claro que não disse que o médico me contou e não dei tempo nem para sua resposta. 

Fui direto ao assunto, falei da minha pressão, normal há algum tempo era 20x14, falei dos remédios para depressão, do pânico para viajar ou andar pela rua sozinho e coisa e tal, não deixei ele sequer responder alguma destas colocações, falei... Falei... E depois o deixei a vontade para me contar ou não o seu momento ruim.

A seu lado, a esposa, cúmplice com o médico e comigo, dava corda e deixava eu falar a vontade e o amigo ouvia atentamente sem ao menos esboçar uma resposta. Fiquei preocupado, ele me parecia estar naqueles dias de pânico ou depressão leve, mas ouvimos o DVD, sem uma cerveja ou um vinho, não aceitei para não atrapalhar a medicação dele, e fui para casa.

Ontem, andando novamente pela cidade, encontrei meu cardiologista animado que me perguntou: “O que você arrumou com seu amigo? Ele está feliz da vida, quer passear por aí, comprou um simulador de caminhada como o seu, está com a pressão 14x9, quase no lugar, e já fala em sair contigo para conhecer o Uruguai. Obrigado, você foi muito importante para sua recuperação.”, completou o médico.

Isto mesmo, tive uma vida complicada no Banerj/Itaú, como o meu amigo está tendo neste momento em sua empresa, entrei em pânico, perguntei “Quem Roubou Meu Queijo” por várias vezes, pressão descontrolada, depressão ameaçando me pegar pelo pé e me recuperei, primeiramente graças a Marina, filhos e irmãs, e depois por ter coragem de sair por aí viajando, conhecendo novas pessoas e enfrentando a “fúria” dos aviões e dos lugares distantes, que me davam medo e coragem ao mesmo tempo.

Muita gente me pergunta se tenho grana para passear, sempre digo que não, apenas tenho coragem e necessidade de andar por aí para afugentar um terrível medo do pânico e da depressão, que só tomam o corpo e a mente de quem os deixam sem movimento, com histórias para contar e sem remédios fortes para impedir o ir e viramos um turista normal e cheio de vida para outras jornadas. 

Comentários

  1. Eu aprendi com pastores evangélicos e com minhas leituras bíblicas, que o medo, a angústia e o passado, trazem um mal espiritual terrível, que é a depressão.
    Certa vez comecei a sentir uma nuvem escura sobre mim e um certo desgosto inexplicável. Certamente era o começo de uma depressão. Imediatamente comecei a orar expulsando o mal com versículos bíblicos de libertação. Depois de 1 hora fiquei totalmente livre.
    Ouve também em outra ocasião e uma oração do pastor me deixou novamente livre deste mal.
    Todo o cuidado temos que ter com a tristeza, não deixando ela entrar em nossa mente de maneira nenhuma.
    Procurei dar também minha contribuição para tratar com a depressão, na minha opinião, um mal espiritual.

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  2. Exato, Gilberto, faltou-me dizer que houve também muita oração e uma fé incrível NELE. Bem colocado.

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  3. Exato, Gilberto, faltou-me dizer que houve também muita oração e uma fé incrível NELE. Bem colocado.

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