Meu amigo Zé João vai cantar para os anjos

Hoje, pela manhã, estava brincando com meu novo passatempo, gravando músicas e passando para o pen drive, e ao pegar uns discos, Cds claro, na estante dos mais antigos, me vi ainda guri, lá na terrinha, ouvindo os grandes seresteiros da cidade e caminhando lado a lado com um deles, a voz mais bonita entre todos, que encantavam as noites, e comentei com Marina.

- Como será que está meu amigo Zé João? Marina respondeu que as notícias que chegaram, quando estávamos por lá, na semana passada, não eram nada agradáveis e o Zé estava bem debilitado, segundo informações do seu filho, Chico, que encontrara com ela.

Ouvi Altemar Dutra, Agustin Lara, uns tangos, uns boleros e gravei um CD do Carlos Alberto, que tinha um dos boleros favoritos do meu professor de matemática, meu amigo e um grande admirador da boa música brasileira. Pensei cá comigo, será que meu mestre sairá desta para ouvirmos, novamente, nossas canções na porta do bar do Julberto?

Não deu tempo nem mesmo para gravar a décima música no pen drive, o Ralph me ligou e me informou: “Pai, acabei de ouvir o convite para o sepultamento do professor Felicíssimo, será às quatro da tarde e vou fazer o possível para te representar por lá”.

E o prazer de gravar acabou, mas confesso que continuei ouvindo as serestas, busquei os Cds herdados do Zebinho, ou seja, Silvio Calda e seu “Chão de Estrelas”, Nelson Gonçalves e sua maravilhosa canção “Boemia”, e até Francisco Alves fui buscar para homenagear meu velho e querido amigo José João Felicíssimo, que partiu hoje e cantará, com sua voz maviosa, para os anjos que o receberão lá no andar de cima.

E o Flamengo perde um fanático torcedor, o Tupã, se ainda existisse, perderia um grande zagueiro, e Miracema perde um ex-vereador, meu primeiro voto foi para ele, em 1970, quando foi o vereador mais votado do município, e o ensino perde um mestre fantástico, duro, bonachão e sábio ao ensinar a matemática para os leigos e para os não amantes da matéria, como eu, que o fiz sofrer tentando me ensinar os mistérios matemáticos.

A Alcione e seus filhos e netos, o meu mais profundo sentimento e tenham certeza que a saudade será grande e difícil de preencher neste coração já cansado de sofrer com perdas dos grandes amigos e companheiros.

Comentários

  1. Adilson, na última vez que o encontrei, ainda caminhando, com muita dificuldade, disse a ele da minha satisfação de estar diante de um dos maiores mestres do nosso município, que era temido por muitos, mas que depois da 1ª aula, o temor virava prazer de tê-lo como professor. Também foi um craque na música, com uma voz que encantava a todos. Como bem lembrou minha mãe na hora que passou o anúncio, "ele cantou no meu casamento, em 1966". Saudades!

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  2. Um grande companheiro, com certeza, vai ficar muita saudade e muitas lembranças de Zé Jão, como eu gostava de chama-lo.

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