O primeiro clássico a gente não esquece

Por Gilbeto Maluf - Corintiano fiel.


Os primeiros jogos são marcantes, a gente lembra de tudo. Por curiosidade, eu tinha mandado um relato do meu segundo jogo no Parque São Jorge para o Blog História do Futebol e peço licença para postar:

O Corinthians tentava de tudo para vencer o Santos em jogos do
campeonato Paulista. Resolveu seu presidente levar o jogo para o Parque São
Jorge. O jogo aconteceu em 04 de novembro de 1962. Eu tinha quase 12 anos de
idade. Meus pais deixavam eu ir ao Parque São Jorge porque os filhos do dono
da padaria Record na rua Carneiro da Cunha iam comigo. Pois bem, fomos neste
jogo.

Pegamos o ônibus Parque São Jorge da Viação Tupi, que tinha o ponto final no
final da rua São Jorge. Os ônibus daquela época eram menores, do tipo 28
sentados . Se for ver, no máximo 60 passageiros. 

Lembro-me que ao chegar no ponto final o trocador/cobrador falou ao motorista: Você acredita que trouxemos nesta viagem 105 passageiros? Gente, ninguém desceu pelo
caminho. Estas coisas ficam gravadas na memória tão somente porque por trás
disso estava o grande clássico.

O público presente no campo do Corinthians foi de 33.000 pessoas, não sei
como. O jogo começou e eu no alambrado, vendo aqueles jogadores tão perto,
em especial os inimigos Pelé e Coutinho, com aquele uniforme branquinho. 

Aos 16 do primeiro tempo, Cássio bateu uma falta no ângulo de Gilmar, 1 x 0 para
o Corinthians, Só que aos 21 Coutinho empatou e aos 35 do mesmo primeiro
tempo Pelé virou para o Santos, placar final de 2 x 1 para o Santos.

Não tinha jeito mesmo. Para registro, informo o ataque do Corinthians do jogo de 04/11/62:
Bataglia, Silva, Nei e Lima. Técnico Fleitas Solich. Pelo Santos todo
sabemos o famoso ataque e seu técnico.

Comentários

  1. E o mais gostoso dessa época nostálgica do nosso futebol, caro Gilberto, além da quantidade de craques desfilando nos gramados, o torcedor saía de casa uniformizado e não se preocupava com a brutal violência que temos hoje em dia. Por tudo isso, mesmo não presenciando esse período, procurei através da leitura me aprofundar e conhecer um pouco essa riqueza de talentos produzidos pelo futebol brasileiro até meados da década de 70. Tornei-me um saudosista e adoro conversar com os amigos sobre o futebol do passado. abrs

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  2. Estou esperando a narrativa do José Luiz da Silva sobre o seu jogo mais emocionante. Vem coisa boa aí!

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  3. E só mais um convite: O espaço está aberto para qualquer companheiro seguidor contar suas aventuras nas arquibancadas. Tá legal?

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  4. Pois é Gilberto, deveríamos nunca esquecer dos detalhes do primeiro clássico, acontece que esqueci-me de vários, em Campos, Miracema e RJ. Lembro-me que o primeiro no RJ foi o entre o meu Vasco x Botafogo, decidindo alguma coisa, o jogo foi no Maracanã com a vitória do meu Vasco por 2 x 0, gols de Nei e Bouglê (àquele que marcou o primeiro gol no velho Mineirão); o de Miracema: Associação Atlética Miracema x Bandeirante, vitória do meu time "AAM", placar 2x1; em Campos esse não me lembro mesmo, o meu time era o Rio Branco, agora, o adversário não sei se foi Goytacaz ou Americano, porém, é provável que a vitória deva ter sido do meu falecido RB, pois era um timaço, só para ter ideia do timaço que era o RB: empatou em OxO com o Cruzeiro em Campos e perdeu em BH por 1 x 0, detalhe: o Cruzeiro de Tostão, Evaldo, Dirceu Lopes etc, naquele ano foi campeão da TAÇA BRASIL, inclusive, goleou o Santos de Pelé por 5 x 1 em MG, o treinador desse timaço do Cruzeiro era o meu conterrâneo Aymoré Moreira. Chamo o Aymoré de conterrâneo pois moro na minha querida Miracema há mais de 41 anos, na verdade nasci no antigo município de S.J. da Barra, hoje São Francisco do Itabapoana, fui registrado em Campos e sou miracemense de coração.
    Parabéns a você pela crônica e ao Adilson por publicá-la. / Abrs.

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  5. Obrigado ao Adilson, Tadeu e Jose Luiz. E como o Adilson convidou para contar estas histórias, de vez em quando vou postar.

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  6. Caro Dutra, estou pensando em sua proposta, talvez, uma aventura que vivi em São Januário no jogo amistoso VASCO 1 X 0 FLA, gol do TOSTÃO, acho que, a violência de hoje, praticada pelas torcidas ditas organizadas tenha começado nesse jogo, pois naquela época não era comum essa tal violência. Cansamos de assistir jogos no Maracanã, onde as torcidas entravam pela mesma rampa, isto é: não havia entrada especial para essa ou àquela torcida. Tínhamos chefes de torcidas dos clubes, um para cada clube, hoje temos vários chefes. O chefe da torcida do Vasco era uma mulher, DULCE ROSALINA, (esse nome lembra as rosas, como sabemos: "...toda mulher gosta de rosas acompanhadas de um bilhete..."). / Abrs.

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  7. Como eu tenho alguns textos de histórias vividas nas arquibancadas, peço licença para postar esta.
    Depois que o Peru entregou o jogo para a Argentina em 1978, naqueles 6x0, fiquei tão nervoso que não esqueço a manchete que vi em uma banca de jornal de São Paulo, do jornal dos Sports do Rio: “Peru sem vergonha!”.

    Como torcedor estava irritado com a seleção da Argentina e também contra a torcida argentina. Pois bem, fui comprar fogos (rojões) do tipo três tiros para soltar na final da copa, Argentina x Holanda, para a “Laranja Mecânica” .

    Mas, se aquela bola da Holanda no último minuto, quando estava 1x1 , não batesse na trave, soltaria os fogos um atrás do outro. Mas não deu. Os holandeses perderam de 3x1. Logicamente enfiei os fogos “na viola”, quer dizer, guardei-os. E esqueci que existiam os rojões.

    Dois meses depois, em setembro de 1978, minha esposa perguntou:
    - “E os rojões?”
    - “Pois é... Bem lembrado. No domingo, dia 24, vou com o José Carlos Santana no jogo contra o Palmeiras e quando o Corinthians entrar em campo vamos soltá-los”.

    Combinei com o Santana que o pegaria na estação Conceição do Metrô e dali iríamos para o estádio. O problema era como entrar no Morumbi com os fogos. Gente, o Santana é negão alto e veio naquele dia com a camisa do Corinthians listrada e com uma calça branca. Bem a caráter. Falei para ele:
    - “Põe você os rojões nas meias e cobre com a sua calça, porque a minha é mais apertada e vai dar na vista”.

    E lá fomos. Entramos sem problemas, ninguém percebeu nada, e quando o Corinthians entrou em campo tinha um guarda próximo nas arquibancadas e não deu para soltar os rojões. Quis o destino que estes rojões jamais fossem espocados por mim.

    Para resumir: falta na intermediária para o Jorge Mendonça bater, isto aos 30 minutos do primeiro tempo. Jairo nem via a bola. E para piorar o Jorge Mendonça veio comemorar no lado da torcida do Corinthians.

    Aos 12 minutos do segundo tempo, nova falta do mesmo lugar. Jorge Mendonça encaçapou do mesmo lugar e fez 2x0. E novamente veio até nós comemorar. A torcida ficou uma arara e a coisa sobrou para o técnico Teixeira. Toda a torcida do Corinthians começou a gritar: “Fora Teixeira”. Mas o que mais doeu foi a resposta do lado da torcida do Palmeiras: “Fica Teixeira.
    Foi de doer.

    Mas vamos voltar aos rojões. Nem nos lembramos deles. Deixei o Santana na estação Conceição e fui pra casa. Quando aquela figura entrou no trem do Metrô e sentou, a calça obviamente levantou e apareceram os rojões espetados dentro da meia. Dá prá imaginar a cena? Queria estar lá para ver.

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  8. Jose Luiz, certa vez, Rio São Paulo de 1965, jogo Corinthians x VAsco, conversei com Dulce Rosalina no Pacaembu. Eu era garoto mas como gostava de futebol achei o máximo conversar com a Dulce Rosalina. Perguntei para ela, só conhecia por foto, se São Januário tinha o mesmo tamanho do Pacaembu. Ela estava com outra mulher e deu uma olhada pelo estádio e falou que tinha quase o mesmo tamanho.

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  9. Escrevi uma reportagem na Placar contando o esforço que pais, tios, amigos faziam antigamente para que um garoto torcesse para esse ou aquele time. Muitos compravam título em nome do filho assim que a mulher dizia estar grávida e descobriam o sexo do herdeiro. Uma das histórias foi contada pelos filhos do Geraldo Borba, médico e radialista. Corintiano, nos tempos da longa fila por título paulista, ele levava os filhos pequenos para passear no Horto Florestal, na casa da avó, sempre um lugar onde não pudessem ouvir nem se lembrar que o Corinthians estava jogando. Só à noite, quando o time vencia, ele fingia se lembrar e falava para os filhos, vendo com eles o teipe. Resultado: os garotos cresceram, graças ao esforço do pai, vendo apenas vitórias do Corinthians, para eles, nesse caso, o melhor time do mundo. Quando os entrevistei, já adultos, disseram não terem ficado com raiva do pai, mas, ao contrário o admiravam pelo esforço. E só por isso nunca pensaram trocar de time. Pelo esforço do pai. Moral da história: se o pai do Gilberto tivesse feito o mesmo, ele não teria visto aquela virada do Santos, em pleno P.S.Jorged abrfação

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  10. ZMA e Gilberto, tenho um compadre e grande amigo botafoguense que me goza muito quando o Vasco perde para o Botafogo, principalmente nas decisões, para minha falta de sorte, desde 1958 o Vasco nunca ganhou uma decisão com o Botafogo, em que pese o Bota ser o maior freguês do Vasco. Porém, como diz o nosso amigo Adilson, tem sempre um porém, o mesmo não acontece entre Bota e FLA, onde o FLA quase sempre leva vantagem, é bem verdade que em 90% das decisões com a ajuda dos árbitro. Então o que fazia esse meu amigo: quando passava a carreata dos flamenguistas comemorando os títulos, e olhá que não foram poucos, vibrava com os filhos ainda pequenos dizendo pra eles "viu filho como é grande e feliz a torcida do botafogo! E para completar gritava, fogo, fogooo!!!", resultado: todos são torcedores do BOTAFOGO DE FR, duas meninas e um rapaz. / Abrs.

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  11. Dessa vez, o meu Vasco irá modificar essa história, tenho receio da arbitragem, porém, dará Vasco na cabeça.
    Quanto a ajuda dos árbitros ao FLA nas decisões, creio que agora o privilegiado é o Botafogo. Vamos aguardar para ver no que vai dar essa final de TAÇA GUANABARA.

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  12. Jose Luiz, está mais do que na hora do Vasco ganhar o título. Eu acho que vai dar Vasco.

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  13. Fui ver Vasco x São Paulo em 2007 em São Januário com meu filho e três vascaínos. Um deles estava com um boneco com a roupa do Vasco, do tamanho de um bebe. Eram tempos do SPFC ganhando já o bicampeonato brasileiro e fui dar uma força para o Vasco. Mas não deu. Tirei a foto com o boneco no colo para mandar para os meus amigos são-paulinos .
    Todo jogo do SPFC que fui ver no Rio ele ganhou. Meu filho falava para eu não ir de jeito nenhum.

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