O Brasil perde sua voz: Morre Emílio Santiago

Conheci Emílio Santiago nos bastidores de "A Grande Chance", famoso nos anos 60/70, onde fui, levado por Sérgio Bitencourt, para um teste e uma possível apresentação no programa de Flávio Cavalcante, que abriu as portas para o cantor e o tornou conhecido nacionalmente. 

Voltei a encontrar o artista em Miracema, durante um dos Festivais da Canção da cidade, famoso em todo Estado do Rio, levado que foi por José Itamar de Freitas, um dos mentores do Fecami. Emílio se mostrava simpático em todas as suas aparições, ainda não tinha a fama que conquistou com sua bela voz, mas já era querido no meio do grupo e uma possível estrela estava nascendo.

Sua morte me aguçou a lembrança do último encontro com ele, na piscina do sítio do meu compadre João Moreno, em Miracema, onde Emílio se esbaldou, aproveitou o dia de folga em Miracema para cantar com amigos, tomar uma cerveja gelada, jogar pelada no campinho de soçayte e fazer tudo aquilo, que segundo os artistas que por passavam, não dava para fazer na vida atribulada do Rio de Janeiro.

Emílio Santiago voltou a Miracema algumas vezes, já consagrado, para shows no Clube XV e na Exposição, fui em alguns deles, mas nada vai apagar aquela manhã de sábado, no sítio do Moreno, quando viveu intensamente o dia como se fosse o último. 

Perde o Brasil a seu segundo melhor intérprete, ainda fico com Cauby Peixoto como principal, e perde a MPB o grande nome de seu parco elenco com brilho próprio. Emílio Santiago já é saudade, como é Gonzaguinha, Raul Seixas e tantos outros, como Agostinho dos Santos, que morreram ainda jovens e com muito talento para proporcionar alegria ao povo brasileiro.