Onde anda meu amigo Jofrâo?


Meu bom parceiro, amigo e fraterno companheiro, José Luiz da Silva, me dá uma dica sensacional: “Dutra, você precisa arrumar um personagem vascaíno para fazer companhia aos seus amigos Sollon e Dona Bilu”, e, no pitaco sugestivo, publicado nos comentários do post abaixo, me lembrava os restaurantes portugueses, no centro do Rio, onde os lusitanos são sempre chefes de cozinha famosos pelos seus ótimos bacalhaus servidos no dia a dia.

Veio-me a cabeça o meu vizinho da Rua José Higino, na Tijuca, dono de um belo bar ao lado da extinta fábrica da Brahma, hoje um supermercado, cujo principal garçom era um negro alto, com jeitão de lutador de vale tudo, fã de Valdemar Santana, e cujo nome me agradou porque me lembrava de um grande amigo de meu pai, lá na terrinha.

Jofrão, assim chamavam o moço, já imaginaram como seria a figura deste, na época rapaz, e hoje já deve estar beirando aos 70 anos de idade, se ainda estiver entre nós, é claro. Mas isto é fácil de saber,  o Arthur Filho ainda mantém contato comigo e vou procurar pelo Jofrão para homenagear meu amigo Zé Luiz, e, consequentemente, ao meu velho e bom amigo Jofre Salim, recentemente falecido.

Domingo de folga do Arthur Filho e lá vamos nós ao Maracanã para ver Flamengo x Vasco e, para nossa surpresa, quem está pronto, devidamente uniformizado e já com jeitão de quem nem precisa pedir para fazer companhia a dupla de viciados em Maracanã.

- Posso ir com vocês? Perguntou Jofrão já saindo de casa com as três almofadas nas mãos e com a camisa vascaína,  branquinha e vistosa, exibida com um orgulho de um bom português. 

- Duas perguntas rápidas, meu caro Jofrão, pode ser?

- Manda rápido que hoje não estou para muita conversa com flamenguistas.

E, como ele pediu, fui rápido e objetivo: Por que Jofre? Por que você é vascaíno e não flamenguista?

- Sou filho de um libanês, casado com uma angolana, sobrinha do seu Arthur, e nasci na cidade do Porto. Preciso dizer porque sou vascaíno?

Nem precisou. Jofrão era nosso segurança e ninguém mexia conosco na caminhada entre a José Higino e o Maracanã, cerca de vinte minutos andando normalmente, e quando voltávamos do estádio, felizmente o jogo terminou empatado, zero a zero, naquele feriado de Primeiro de Maio de 1970, valando pela Taça Guanabara daquele ano.

Voltamos cantando, conversando sobre nossa velha amizade, eu e Arthur Filho no caso, e sobre a estreia de Jofrão nas nossas idas e vindas ao mais famoso estádio do mundo. O papo sobre o jogo não foi muito adiante, afinal o zero a zero foi daqueles chatos e muquiranas, que nem mesmo quando chegamos ao bar do Seu Arthur, já devidamente instalados no lugar principal, o papo foi sobre futebol, e Jofrão, já enturmado, depois de uns e outros copos de Brahma Extra, contou tudo sobre sua vida em Angola, no Porto e sua chegada ao Brasil, ainda garoto, para fazer companhia ao tio. 

Jofrão,  português, negro, vascaíno fanático e uma boa prosa com certeza. Vou ter notícias dele, anotar o seu celular para que faça companhia aos meus veteranos amigos Ermenegildo Sollon e Dona Bilu, mas daqui eu prometo encontrar meu amigo Clodoaldo, outro tijucano, tricolor de coração, para completar o quarteto dos malucos por futebol.

Comentários

  1. Muito bem! Aguardaremos seu diálogo com o JOFRÃO, promete. / Abrs.

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