Crônica de final de ano: Filmes iguais


Depois de alguns dias na terrinha, sem querer saber de laptop, tevê, jornais ou informações sobre qualquer tipo de assunto, retorno à Campos cansado e com a alma lavada e enxugada pelos bons momentos vividos durante a passagem de ano junto a amigos e família. 


Ao chegar à casa me lembrei que não havia feito ligações para os amigos distantes e que era necessário gastar alguns créditos do celular ou pulsos do telefone fixo para colocar as conversas em dia. O ritual seguiu desde às quinze horas, quando estacionei o caro na garagem, até o início da noite, quando fiz a última ligação no feriado consagrado a fraternidade universal.


E foi, nesta ligação, que dei grandes gargalhadas e, praticamente, curei a ressaca da virada ouvindo e contando os detalhes das festas ao meu amigo Motta, um cara viajado e cheio de histórias para contar. 


Narrei para ele um fato estranho, acontecido na visita que fiz a um velho amigo, e da saída repentina de uma confraternização devido a presença incomoda de um animal de estimação.


- Liga não, Dutra, todos nós passamos por momentos assim e temos que nos adaptar a vida moderna e a forma de viver de nossos amigos queridos. Já vivi momentos constrangedores ou fui obrigado a conviver com certos problemas. Tirei de letra, basta a gente entender nossos amigos e saber contornar a situação, contava Motta.


Concordei e disse que me saí bem na história e que as reclamações não acontecerão mais, vou saber administrar como já administro o gosto pessoal de cerveja e das músicas que ouço nos bares da vida.


- Veja só meu caro amigo, continuou Motta, vou te contar duas passagens, vividas em anos diferentes, para ilustrar meu comentário, preste atenção. E narrou com os mínimos detalhes das situações, veja só:


Paris, setembro de 2008. Local:  Um café tradicional, daqueles que se paga oito euros por uma pequena xícara de chocolate ou nosso brasileiríssimo café.  Situação: Dois cães, daqueles que você acredita que vão te avançar, andam tranquilamente pelo local e param, bem em frente a minha mesa, me fixam com um olhar estranho e... Bingo! Acertou quem disse que pedi a conta saí de fininho para não ser notado pelos bichanos, afinal este animal é idolatrado pelos parisienses. 


Ipanema/Rio de Janeiro, um dia qualquer do ano. Local: Praia mais famosa do Rio. Dois cães, segundo os donos sem nenhum problema de violência e dóceis como uma criança. Situação: Em poucos minutos ambos já estavam instalados sob minhas pernas, se arrastando pelo chão e... Bingo! Acertou quem disse que me despedi, desejei um bom dia a todos, e sai sem fazer um carinho nos bichanos educados.


Após desligar o telefone comecei a imaginar que tudo o que passou comigo foi tal e qual os dois momentos vividos pelo Motta, que saiu com grande habilidade de ambas as situações, e vi que será preciso muito tato para eu lidar de forma tranqüila e legal as próximas “saias justas” provocadas pelo meu pânico ao conviver com cães, gatos e outros bichos de estimação.


Não deixei de ir aos bares por gostar da Boa e não tolerar a Número 1. Não deixei de ir aos bailes da vida por não aceitar ouvir forró, sertanejos ou breganejos. Então combino com os amigos donos de animais de estimação: Não deixarei de ir as suas casas mesmo sabendo que vocês têm cães ou gatos que transitam livremente por todos os cantos da residência.e 
Estamos conversados? Então um Feliz Ano Novo para todos vocês.

Comentários

  1. Dizem, e parece verdade, que é melhor ter um cachorro amigo que um amigo cachorro, companheiro. Mas o prefiro longe de mim. E gato, nem a quilômetros. De estimação por aqui só o pássaro preto que frequenta a jabuticabeira e canta bonito quando perceb e a presença de um amigo. abrss. Ferliz 2012.

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