Papo de flamenguista na madrugada
Nem bem o dia clareou e o telefone toca na minha cabeceira. Assustei-me, afinal minha filha sai de casa rumo ao trabalho, em Macaé, por volta das cinco da manhã e tenho família em Miracema e Santo Antonio de Pádua. Fiquei preocupado e atendi o fixo com voz de quem não gostou de ser acordado assim tão cedo caso não fosse uma extrema urgência.
Do outro lado uma conhecida voz, rouca já por natureza e ainda sonolenta, mandava, lá de Niterói, uma pergunta difícil de responder àquela altura da madrugada, seis da manhã atualmente é madrugada para este escriba aposentado, que sempre se pôs fora da cama antes deste horário.
- Dutra, bom dia! Você leu o Renato Maurício do Prado agora no Globo?
Tentei dizer que ainda estava dormindo e que não havia descido para pegar o jornal na portaria do prédio, mas não deu nem tempo, ele, o bom amigo Ermê Sollon, continuou:
- O cara disse que os flamenguistas irão torcer pelo Vasco, no domingo, para que o título não fique com o Corinthians, do tal de Andrés Sanches. Sei lá, isto não é coisa de rubro-negro de verdade, eu quero mais é que o time da Colina se exploda amanhã, em Santiago, e domingo, contra o Flamengo. Que dê Corinthians.
Ouvi sem nada entender. Não tinha lido a coluna de Renato Prado e não sabia o que estava acontecendo, mas pela bronca do velho Sollon a coisa devia ser mesmo irritante para o torcedor apaixonado e da velha guarda, que retratou o Vasco a vida inteira como grande rival do futebol do Rio e agora no Brasil.
Argumentei que ontem, na ida até a padaria, me encontrei com o Vitor Lírio Barreto, amigo sumido das nossas mesas de bar, e disse o mesmo para ele: Se for para dar Corinthians que vença o Vasco, pelo menos o Rio fica com mais um título, e quando falei, o Gustavo Beirute abriu um sorriso e agradeceu o apoio.
- Você é louco ou está tentando ficar. Torcer pelo Vasco, o grande rival? Jamais. Prefiro ir pescar, passear com os meus netos e não ver o jogo. Você não tem que aguentar meus vizinhos no domingo, na segunda e até começar o Estadual. Nem pensar, é melhor eu ir para Miracema, onde ninguém sabe para que time eu torço, e passar um período de férias por lá.
Como ele não gostou da minha resposta desligou e então fui ler a tal coluna do Renato Prado, que tem até uma previsão, de um "pai" qualquer, que leva os quatro cariocas para a Libertadores com a junção de possíveis, mas difíceis de acontecer, resultados da última rodada.
Se vou mesmo torcer para o Vasco? Não sei. Devo fazer tal qual o Sollon, ver um outro jogo e ficar desligado da partida, mas cá prá nós, bem baixinho, que ninguém nos ouça, você quer mesmo o título para o Corinthians, de Andrés Sanches e da turma da CBF?
Do outro lado uma conhecida voz, rouca já por natureza e ainda sonolenta, mandava, lá de Niterói, uma pergunta difícil de responder àquela altura da madrugada, seis da manhã atualmente é madrugada para este escriba aposentado, que sempre se pôs fora da cama antes deste horário.
- Dutra, bom dia! Você leu o Renato Maurício do Prado agora no Globo?
Tentei dizer que ainda estava dormindo e que não havia descido para pegar o jornal na portaria do prédio, mas não deu nem tempo, ele, o bom amigo Ermê Sollon, continuou:
- O cara disse que os flamenguistas irão torcer pelo Vasco, no domingo, para que o título não fique com o Corinthians, do tal de Andrés Sanches. Sei lá, isto não é coisa de rubro-negro de verdade, eu quero mais é que o time da Colina se exploda amanhã, em Santiago, e domingo, contra o Flamengo. Que dê Corinthians.
Ouvi sem nada entender. Não tinha lido a coluna de Renato Prado e não sabia o que estava acontecendo, mas pela bronca do velho Sollon a coisa devia ser mesmo irritante para o torcedor apaixonado e da velha guarda, que retratou o Vasco a vida inteira como grande rival do futebol do Rio e agora no Brasil.
Argumentei que ontem, na ida até a padaria, me encontrei com o Vitor Lírio Barreto, amigo sumido das nossas mesas de bar, e disse o mesmo para ele: Se for para dar Corinthians que vença o Vasco, pelo menos o Rio fica com mais um título, e quando falei, o Gustavo Beirute abriu um sorriso e agradeceu o apoio.
- Você é louco ou está tentando ficar. Torcer pelo Vasco, o grande rival? Jamais. Prefiro ir pescar, passear com os meus netos e não ver o jogo. Você não tem que aguentar meus vizinhos no domingo, na segunda e até começar o Estadual. Nem pensar, é melhor eu ir para Miracema, onde ninguém sabe para que time eu torço, e passar um período de férias por lá.
Como ele não gostou da minha resposta desligou e então fui ler a tal coluna do Renato Prado, que tem até uma previsão, de um "pai" qualquer, que leva os quatro cariocas para a Libertadores com a junção de possíveis, mas difíceis de acontecer, resultados da última rodada.
Se vou mesmo torcer para o Vasco? Não sei. Devo fazer tal qual o Sollon, ver um outro jogo e ficar desligado da partida, mas cá prá nós, bem baixinho, que ninguém nos ouça, você quer mesmo o título para o Corinthians, de Andrés Sanches e da turma da CBF?
É, estão torcendo para o inimigo que mora ao lado.
ResponderExcluirSeria quase como vender a alma....rs
abs
Estou ouvindo muito disse me disse de torcer para o fulano, não torcer para o ciclano e outras conversas que não levam a nada, somente acirram os ânimos dos torcedores brigões. Aprendi com o meu saudoso pai, que também era vascaíno, que devemos respeitar e não debochar os adversários, pois em quaquer esporte a vitória e a derrota andam de mãos dadas. Política, futebol e religião não se discute, se conversa sobre o tema, sempre respeitando a opinião e o sentimento do interlocutor. Nunca tive problemas, graves ou pequenos, com ninguém sobre futebol, onde vc até pode descordar, mas nunca deixar de respeitar, tudo dentro de um nível elevado de conversa. A rivalidade do torcedor é a essência que eleva o futebol a uma paixão ainda não explicada. Hoje se ganha, amanhã se perde, mesmo assim não deixamos de torcer na competição seguinte com a esperança de vencer novamente. Isso é o futebol, que no passado ainda recente era muito mais gostoso de se ver e torcer, quando nas tardes de domingo era momento de lazer para toda a família ir ao estádio e ver o jogo do seu time sem ter o medo ou a preocupação do companheiro sentado ao seu lado. Isso sim é uma diversão e um grande prazer em torcer pelo seu clube!
ResponderExcluirEsse TADEU é genial! Um torcedor a "MODA ANTIGA". / Meu amigo Dutra estou com a alma lavada, pois o Clube que ficar com o título me agradará muito. O Vasco superou em muito minhas expectativas, os vascaínos estão orgulhosos do seu time, não poderia ser diferente. / Agora, se o VASCO for o campeão, subirei os dois primeiros degraus e os dois últimos da Escadaria do CONVENTO DA PENHA, município de VILA VELHA - E.S., por um especial agradecimento, sendo o CORINTHIANS, tomarei apenas umas cinco cervejinhas. / Abrs.
ResponderExcluirAgora que verifiquei o erro grotesco de digitar "descordar" ao invés do correto discordar.
ResponderExcluirComo o amigo José Luiz descreveu, também não acreditava que o Vasco iria tão longe, ainda mais sem um atacante matador, que fez muita falta durante a competição. Depois de tantos anos amargando derrotas e uma queda para a segunda divisão, no ano que está pra se encerrar o torcedor vascaíno está de cabeça erguida e com muito orgulho do seu time, qualquer que seja o resultado das duas competições ainda em disputa.
Realmente o correto seria proceder conforme colocado pelo Tadeu.
ResponderExcluirMas não dá. Jamais me verão torcendo para o São Paulo ou Palmeiras. Por princípio e pelo coração.
E essa rivalidade fez o futebol crescer da forma que cresceu. Eu nunca briguei por futebol, mas que a rivalidade faz parte não tenho duvidas. O ideal seria sem brigas. O Vasco está de parabéns pela forma como cresceu voltando às suas origens. Se ganhar o campeonato será também merecido. Mas eu nunca vou ficar contente se isso acontecer. Nem por educação, rs
abs
O objetivo do Flamengo neste momento é a libertadores. No entanto, se mesmo derrotado o rubro – negro garantir a vaga, irei torcer para o time da colina
ResponderExcluirQuando disse que subirei de joelhos a escadaria do CONVENTO DA PENHA se meu Vasco for campeão, esqueci-me de dizer que será de joelhos, por isso disse os dois primeiros e os dois últimos degraus, pois subir toda a escadaria de joelhos, não dá. / Lógico que torcerei em primeiro lugar pelo meu VASCO, porém, como diz o nosso amigo Dutra, tem sempre um porém, para mim este porém, chama-se CORINTHIANS, time em que "simpatia é quase amor". / Abrs.
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