PAPO DE BOLA: INEVITÁVEIS COMPARAÇÕES


Na telona da TV 46’ o jogo corria solto. Nas cadeiras, espalhadas pelo salão, alguns bebuns nem sequer espiavam o que rolava no Camp Nou, em Barcelona. Naquele momento as atenções estavam divididas entre o clássico espanhol, valendo pela Liga dos Campeões da Europa, as pingas e as cervejas servidas pelo Jacaré, garçom educado e gente boa.

Eu, Ermê Sollon, Motta e outros parceiros, aposentados e pensionistas do INSS, nos preocupávamos com o futebol jogado por Barcelona e Real Madrid, mas sinceramente não dava para pedir pinga ou cerveja, o relógio marcava quatro horas da tarde e pegava mal para a turma de meia idade e não era propício pedir qualquer bebida alcoólica naquele momento.

A bola ia rolando lá pela Europa e por aqui as comparações eram sempre colocadas à mesa do nosso boteco favorito. Motta, observando atentamente, traçava um paralelo entre aquele time o Flamengo – aquele timaço campeão do mundo – e no outro canto do salão alguém berrou dizendo: "Este time é a cópia do meu tricolor, a grande máquina do Horta".

Pensei com meus botões: Isto aqui vai virar torcida organizada e vamos perder boa parte do jogo se a discussão continuar. Não dei ouvidos ao amigo Motta e nem sequer permiti ao tricolor entrar na conversa. Creio que este time do Barcelona só tenha um similar, o Santos FC, da geração Pelé, Coutinho e Pepe, com uma vantagem, a defesa tem uma postura melhor do que a do Peixe daquele tempo.

Não gosto de comparações. Sou um analista do momento e por isto respondo sempre, a quem me para pelas ruas, que Messi é Messi, Pelé é Pelé e Maradona é Maradona. Cada um viveu o seu momento e foi, ou é, melhor em sua geração.

O menino Cássio manda lá de seu cantinho: Professor, não gosto do Pelé e não sei se ele jogava tudo isto que vocês dizem. Viu só? Não viu Pelé jogar e não gosta dele. Este dilema é de todos os jovens que não tiveram a chance de ver o Rei do Futebol nos gramados, mas que têm o privilégio de ver Messi desfilando sua classe.

Difícil para o cronista analisar sem o coração, vi Pelé jogar e não tenho dúvidas em o apontar como o melhor de todos, mas confesso que senti o drama do menino Cássio. Quando guri meu pai, o velho Zebinho, me contava maravilhas sobre Leônidas da Silva e morria de amores por Zizinho. Eu ficava assim como o Cássio e também me perguntava: Será que estes caras jogaram tudo isto?

Aquele Santos, citado acima, tinha o que todos acreditam o melhor ataque do mundo: Durval, Coutinho, Pelé e Pepe. Sim. É melhor do que o do Barcelona de hoje, formado por Messi, Villa e Pedro. Ponto para o time do Peixe.

O meio campo do Santos, com Zito e Mengálvio, naquele tempo jogava-se no 4-2-4, não pode ser comparado a Iniesta e Xavi, se colocarmos o Barça no mesmo esquema tático. Ponto para o time catalão.

A defesa do Barcelona, com Daniel Alves, Piquet, Puyol e Abidal é, sem dúvida alguma, melhor do que a formada por Lima, Mauro, Calvin e Rildo. Ponto para o Barcelona.

Os goleiros? Bem aqui o Santos vence com facilidade, Gilmar é muito mais goleiro do que Valdez. E aí o empate técnico entra em campo e não se define qual é o melhor time de todos os tempos.

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