HISTÓRIAS DE UM CLÁSSICO

Domingo com Fla x Flu era sempre o mais gostoso do ano. Eram dois, no máximo três, em cada temporada. Agora são vários e podem chegar a cinco ou seis em cada ano. Tem Carioca, Sul Americana, Libertadores, Copa do Brasil e Libertadores, campeonato prá dar, vender e jogar fora, como dizia o velho Vicente Dutra.

Domingo de Fla x Flu, no Maracanã, era sinônimo de casa cheia, ruas do entorno do “maior do mundo” apinhadas de gente. Nós, interioranos cá do Noroeste Fluminense, chegávamos de mansinho, sem vestir o “manto sagrado’ por medo de represálias das torcidas adversárias, pegávamos o boião ali mesmo e esperávamos a hora de subir as rampas do Maraca.

Me preparava para escrever a coluna e, ao pesquisar, encontrei um punhado de textos sobre este jogo, que um dia foi chamado de “O mais importante do Brasil”, e ao abrir os arquivos fiquei ruborizado, cheio de vergonha e perguntei aos meus botões: Falar o que deste jogo?

Preferi dar uma conferida e procurar um daqueles jogos chinfrins, lá dos anos 70, quando o Flamengo de Tinteiro, Onça, Michila e Fio enfrentava um bom time tricolor. Mas olhando melhor fui encontrar um ridículo empate em 1x1, jogo que não valia muita coisa, mas que ficou marcado na minha memória.

Foi no dia 1º de agosto de 1976, Botafogo, Flamengo e Fluminense brigavam pelo título do segundo turno. O Botafogo tinha dois pontos de vantagem e ainda jogaria contra o Goytacaz em Campos. Na outra ponta, Flamengo e Fluminense precisavam vencer e torcer pelo tropeço do alvinegro.

Aos 45 minutos do primeiro, enquanto o Fluminense vencia por 1 x 0, o Botafogo abriu a contagem e o desânimo tomou conta do Maracanã. Logo no início do segundo-tempo, o Flamengo empatou com Paulinho e passou a pressionar. Não que o Flamengo fosse melhor em campo, mas era uma pressão meio “a La louca” que dava certo.

Aos 35’, do tempo final, Carlos Alberto Torres do Fluminense, discute com o juiz e acaba expulso. Depois foi a vez de Pintinho e Paulo César Lima. Duas novas expulsões tricolores.

Quando o jogo recomeçou, Rivelino põe a mão nas coxas e abandona o campo. Detalhe: o Fluminense já havia feito todas as suas substituições. Pouco depois, Rubens Gálaxe sai do campo, e o time das Laranjeiras fica apenas com seis em campo, número insuficiente segundo a regra, e o árbitro é obrigado a encerrar a partida.

Eu ainda não tinha feito comentário sobre este jogo, encontrei por acaso a história da partida e conto aqui para ilustrar o nosso Papo de Bola de hoje. E tem mais um, este com desfecho que a torcida do Flamengo não esquecerá jamais, principalmente os da minha geração.

Outubro de 1968, Rua Barão de Mesquita, quartel da PE, onde fazia um curso, enviado que fui pelo Sargento Couto, do TG 217, de Miracema, e de folga fui ao Maracanã, ali pertinho, para ver o Fla Flu daquele domingo, valendo pelo Torneio Roberto Gomes Pedrosa, o Fla x Flu entrou para a história com um gol maluco.

Aos 13 do primeiro tempo, Wilson do Fluminense, recebe lançamento de Serginho em posição de impedimento, e sem o menor constrangimento à la Maradona, ao dividir com o goleiro Marco Aurélio do Flamengo, dá um soco na bola, desviando a trajetória e ficando livre para chutá-la para as redes.

Armando Marques, consulta o bandeirinha que confirma a legalidade, e só então corre para o meio do campo confirmando o gol que deu a vitória simples para o tricolor.
Ainda hoje, mais de 40 anos depois, esse gol escandaloso é comentando nos bares e nas esquinas onde tricolores e rubro-negros se encontrem.

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