O CLÁSSICO DO RIO E OS BORDÕES FAMOSOS

Este clássico de hoje, Botafogo x Flamengo, me faz voltar no tempo e recordar as transmissões radiofônicas que marcaram minha infância e juventude. O clássico, na década de 60, era o meia badalado pela mídia e mais freqüentado nas arquibancadas do Maracanã. Grito de gol diferenciado, de um lado o alvinegro Waldir Amaral, ícone do radialismo esportivo brasileiro, e do outro o rubro-negro Jorge Cury, sinônimo de vibração e espelho para muitos narradores pós geração 60.

Num domingo em que o Maracanã recebia entre 150 e 180 mil torcedores, as emissoras cariocas tocavam o futebol desde às oito da manhã, quando os jogadores acordavam nas concentrações e conversavam com os setorista sobre o grande acontecimento. Hoje é diferente, a mídia é outra e a internet e seus blogs e sites tomam conta do pedaço e o rádio é apenas uma saudade.

Rádio que ouvi e decorei os bordões dos grandes comunicadores e hoje trago até vocês para um doce deleite daquilo tudo que ouvimos por longos e longos anos nas transmissões esportivas das grandes emissoras brasileiras.

Quem não se lembra do “tem peixe na rede” do fabuloso Waldir Amaral? E a passada do extraordinário Jorge Cury da defesa para o ataque? “Vai levando Gérson, ultrapassa a linha divisória do gramado”. São bordões inesquecíveis e que ainda povoam minha memória.

Geraldo José de Almeida, aquele que marcou época na Copa de 1970, deixou sua marca com “Olha lá... Olha lá... No placar”. E, já que falei em paulista, não dá para esquecer aquele que foi meu grande ídolo e que norteou minha carreira de narrador, Haroldo Fernandes, que dizia após o gol: “Tá todo mundo correndo prá abraçar aquele moço”.

Osmar Santos, hoje aposentado devido a um grave acidente, deixou marcas: “Pimba na gorduchinha” é uma entre dezenas de bordões usados pelo ex-narrador da Globo/SP, e, ainda na emissora paulista encontro outro marcante narrador, Osvaldo Maciel, que “de peito aberto e o coração cheio de amor prá dar”, foi outro que teve influencia em minha carreira.

E por aí eu fui, buscando encontrar bordões famosos ou não, simplesmente pelo prazer de contar para os amigos tudo aquilo que vivi nestes anos de boleiro, radialista, fã do esporte mais badalado do mundo, que é o futebol. Lembrei-me até do meu bom amigo Luiz Cândido Tinoco, que dizia: “tem charivari na área do Goytacaz”.

E o Sérgio Tinoco marcando o tempo para a turma da Difusora? E o Josélio Rocha, após o gol, principalmente quando era do Goytacaz? “E por ali passou a margarida”. São boas recordações de um tempo vivido intensamente.

Comentaristas são conhecidos por seus cumprimentos, o Gérson de forma diferente, ele quando não gosta de algo diz: “É brincadeira”, porém, tem sempre um porém, João Saldanha chegava dizendo simplesmente “meus amigos”, e Luis Mendes, que tem a palavra fácil, aumentava: “meus amigos, desportistas de todo Brasil”.

É como Galvão Bueno, que diz na abertura da jornada: “Bem amigos da Rede Globo”, ou Fiori Gillioti, que era um poeta da narração: “Abrem-se as cortinas para mais um espetáculo de futebol”.

Prá fechar um bordão do mais famoso em atividade no Rio de Janeiro, José Carlos Araújo, que marcou a geração que seguiu a minha: “Golão, Golão, Golão” é um deles, mas o que a garotada gosta e os narradores do interior imitam é o famoso “pelas quebradas da direita (esquerda)”, realmente fantástico o poder de comunicação destes homens do rádio.

Quem lembrar de mais algum bordão (alô Gilberto Maluf e José Maria de Aquino) estou na espera.

Comentários

  1. Adilson, apesar de ser um pouco mais novo, também tenho saudades dos bons tempos do rádio esportivo, que comecei a curtir a partir do final da década de 70. Tenho na lembrança muitas coisas boas que ouvia naquela época. Adorava o Waldir Amaral no início de sua transmissão mandando ver "você ouvinte, é a nossa meta, pensando em você é que procuramos fazer o melhor". E o Cesar Rizzo "sacudindo, sacudindo o futebol do Brasil". E o José Cabral "o moço da maricota". No final das partidas (naquela época não se informava o quanto teria de acréscimo) o Jorge Curi informava "agora vamos para a última volta do cronômetro". E o Mário Viana nos impedimentos "ele voltava da figura A para a B". É muito bom recordarmos tempos que não voltam mais. Para se ter uma ideia, ainda recordo de todos os repórteres que cobriam os quatro grandes do Rio para a Rádio Globo: Loureiro Neto (Vasco), Fernando Carlos (Fluminense), Gilson Ricardo (Botafogo) e Zildo Dantas (Flamengo), que depois foi substituído pelo Kleber Leite, o saudoso Danilo Bahia e posteriormente Elso Venâncio, nesta ordem. abrs

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  2. Vejo que sua memória está em atividade. Vou anotar tudo e agendar um papo contigo quando for a Miracema.
    Valeu, amigo. Boas lembranças

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