CENA DO CALÇADÃO DE CAMPOS

Já tinha um bom tempo que não descia para o centro de Campos, fugia do assédio de cabos eleitorais, em excesso nesta época do ano, e do frio que insistia em me deixar em casa pela manhã.

Hoje, atendendo pedido de Marina, me arrisquei e fui até o Calçadão para compras e um bate papo com os amigos, que ali fazem ponto diariamente. E aí vem aquele velho ditado: "Se arrependimento matasse".

Gosto de ficar andando de um lado ao outro, a procura de um parceiro para dois dedos de prosa, enquanto Marina vai às compras e resolver seus problemas de casa. Hoje foi irritante este giro de lá prá cá/de cá prá lá, fui cercado por, sem exageros, centenas de distribuidores de panfletos de financeiras com gritos histéricos.

"Olha o empréstimo", "dinheiro sem Serasa ou consulta ao SPC", "dinheiro na mão". Brincadeira! Como diria o Gerson, deu nó na paciencia e fui respousar minhas pernas na banca do Coliseu.

Do prédio da Caixa até a banca eu levei aproximadamente dez minutos, um trajeto feito em dois minutos no máximo, é que aí entra a outra metade do meu aborrecimento, os políticos de plantão e seus cabos eleitorais invocados e enjoados.

Hoje foi dia de Romário, o "Baixinho", o artilheiro maior do nosso futebol pós-Pelé, que passeava pelo centro de Campos caitituando um votinho seu, dele e de outros fãs do craque da bola.

Na altura da banca do Orlandinho uma parada, forçada, e um pedido de um assessor de Romário de Souza Farias.
-Você é jornalista?
-Escrevo no jornal O Diário.
- O Romário tá ali, que tal você ir até lá prestigiar o Baixinho?
- Não dá, amigo. Quando eu era repórter esportivo vivi atrás do Baixinho para uma entrevista e sempre o vi fugir de mim e de todos os companheiros de Campos.
-Mas hoje é diferente.
-Sim, hoje é diferente, vá lá e diga a ele que estou aqui e se quiser que venha falar comigo, em particular, ali na Banca do Coliseu.

O moço foi embora emburrado, xingando e não voltou com a resposta. Romário é ídolo no futebol e na política é, e será, como todos outros, mais um a figurar na minha lista dos improváveis papos no dia a dia.

Comentários

  1. Adilson, vc saiu para dar um passeio e refrescar a mente. O que encontrou foi uma tortura que acabou esquentando a sua cabeça. Sobre o Romário, nota dez para a sua postura! Como bem dizia o saudoso Bezerra da Silva, nesta época, até em lata de goiabada eles comem para mostrar sua humildade. abrs

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  2. Beleza, Penacho. Gostei da sua decisão. É assim que se faz, sem ofensas, sem bobagem e mostrando o seu valor de repórter bom que você é. Quem quiser voto tem que procurar na boa, como o Romário tá fazendo, usando seu prestígio como craque que foi, mas você, que eu sei, não gosta de política, agiu corretamente.
    E um detalhe interessante: Estive por aí, em Campos, dias atrás, e também me irritei com os entregadores de panfletos das financeiras. Um pé no saco do cara mais tranquilo do mundo, que sou eu, segundo a minha irmã.
    Abraço - do Marinho Freitas

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